O Carnaval em Pernambuco é fascinante. A chancela Carnaval Multicultural é merecida. Não conheço outro lugar do Brasil com tal perfil. Diversas possibilidades, diversos shows, diversas manifestações. É claro que o frevo fala mais alto, mas tem espaço para o Maracatu, Caboclinho, Brega, Samba, Axé, Rock, Rap, Música Eletrônica, MPB e até Blues e Jazz (que na verdade é divulgado como um carnaval off, para quem quer fugir das loucuras momescas, a cidade de Garanhuns promove o Garanhuns Jazz Festival durante o carnaval). É este caldeirão que torna o carnaval daqui, mágico.
PRIMEIRO CARNAVAL:
Meu primeiro carnaval aqui em PE foi em 2009. Entrei no racha de uma casa em Olinda e pude conhecer o poder daquele lugar e de seu carnaval. Foi um espetáculo único com o qual sempre sonhei participar. Meus amigos Claudio Lyra e Mari Dias estavam me visitando e puderam desfrutar de dias de farras pelas ladeiras da cidade. Eu fantasiado de Sheik, Denise de Marinheira, Claudio de Múmia e Mari de Macaca. Isso na companhia do cicerone Fernando Malafaia e de usa esposa Margarida. Foram lindos dias. Fomos também ver o encontro de Maracatus Rurais na Casa da Rabeca, terreiro sagrado de Mestre Salustiano. Coisa linda aquele lugar. Arrepiante.
O GALO DA MADRUGADA:
Eu não dou sorte com o Galo da Madrugada. No Galo você pode pular de várias formas. No asfalto, nos camarotes, nos trioelétricos e na Galinha Dágua. A Galinha Dágua é o seguinte, Recife é recortada pelo rio Capibaribe e é exatamente pelas suas pontes e margens que o Galo desfila, então as pessoas vão de lanchas e barcos para o rio, pular dentro de suas naves. E no primeiro ano tentamos ir para a tal Galinha Dágua a convite de Marcos Sultanum. Enchemos o barco de bebidas e tiragostos e partimos lindamente. Na altura de Olinda entrou um saco plástico no motor que fez super aquecê-lo. Resultado, ficamos a deriva e o que se viu depois foi um festival de vômitos. Galo 1, Cézar Ray 0.
No ano seguinte a convite de Gilvan Aleixo (nosso Giva) e de Amara Dani fomos tentar o asfalto. Num sábado escaldante o calor vindo do sol, do alfalto das pessoas era tão intenso que nem cerveja estava descendo. Tive que pedir arrego, peguei um taxi e fui para a praia de Boa Viagem me recuperar. Galo 2 x 0.
Ano passado resolvi nem tentar. No final da tarde André Ribeiro, meu vizinho apareceu aqui em casa bêbado, feliz como um pinto no lixo dizendo que foi o melhor carnaval de sua vida, no camarote do Galo. Contou tanta coisa boa, seus olhos brilharam tanto que me arrependi de não ter ido. Galo 3 x 0.
Este ano, ainda com as lembranças dos adjetivos proferidos pelo André e a convite de meu patrão, Bartolomeu resolvi aceitar ir para um camarote ver o Galo. Só que o camarote (do Pezão – Nota; Pezão é um dos quiosques mais famosos e diputados da praia de Boa Viagem) não foi legal. Um prédio antigo no centro da cidade, quatro andares. Tudo muito estreiro e apertado, calor, não dava para ver nada, banheiros cheios (de tudo) e escadas, muitas escadas. Galo 4, Cézar Ray 0. Este Galo está me cozinhando...
PRÉVIAS: O GUAIAMUM TRELOSO:
O Carnaval deste ano na verdade começou – para mim e para meio-mundo – nas prévias. Fui em duas: “Guaiamum Treloso” e “Enquanto Isso na Sala da Justiça”. Ambas pagas. No GT, shows de Mombojó (que não vi, pois foi a primeira atração da noite) seguido pelo DJ 440 que fez um set bacanudo, mas foi prejudicado por um som abafado. Sem brilho. A produção deu mole. Depois de 440 o tão esperado francês Manu Chao fez um show animadíssimo, festivo, bem feito porém deixou de tocar clássicos que fizeram falta na avaliação final. E para fechar a noite a banda olindense Eddie, que em casa com a torcida toda sua, fez um showzaço com direito a todos os hits e participação do mestre Erasto Vasconcelos. Dez.
Além deste line de primeira, o lugar escolhido foi muito bom. Uma área verde aberta nas margens do Capibaribe e do Açude de Apipucos e eu estava cercado de amigos queridos que deixaram a noite mais especial ainda. O Guaiamum Treloso é uma prévia que pretendo ir todos os anos, pois ano passado o Show de Otto foi de tirar o fôlego, ofuscando até o rei do baile Nando Reis que veio depois.
PRÉVIAS: ENQUANTO ISSO NA SALA DA JUSTIÇA:
A “Sala da Justiça” é aquela prévia que todo ano eu e Denise queremos ir e na hora H alguma coisa acontece que nos impede. A “Sala” é um bloco criado para as pessoas se fantasiarem de super-heróis e que sai no domingo em Olinda. Mas sua prévia já é mais famosa e disputada que o próprio bloco. Este ano os shows foram: Original Olinda Style que abriu com sonzeira olidense (o combo é formado por músicos da Orquestra Contemporânea de Olinda e pela banda Eddie) animando os personagens sedentos por boa música. Logo depois Os Paralamas do Sucesso, tocaram o disco Selvagem? De 86 na íntegra e para fechar a noite, Otto com seus poderoso show “Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos”.
Mas a grande magia desta prévia não são os shows propriamente ditos, mas sim o show do público. Tanta fantasia legal, que não se prendem só a super-heróis, encontra-se de tudo por lá, tanta criatividade, tanto cuidado como há tempos não via no carnaval. É impressionante. Eu tirei fotos com todos que eu achava bacana. Juntei pessoas que tinham fantasias complementares mas estavam separados, como o Batman, o Charada e a Hera Venenosa ou ainda Darth Vader e os soldados da Tropa Imperial e até prometi que ano que vem vou preparar minha fantasia com esmero e bastante antescedência!
BEZERROS
Não posso deixar de falar de Bezerros, cidadezinha que fica entre Gravatá e Caruaru no agreste pernambucano. Domingo é o dia do carnaval de lá levar milhares de pessoas para suas ruazinhas e ladeiras para pular juntas aos Papa-Angus. Fui em 2010 e 2011. No primeiro ano foi show de bola, ficamos num camarote bacana, com amigos (alugamos uma van) do trabalho e de fora e a farra foi boa demais. Já m 2011, estava muito mais cheio e quente. O mesmo camarote estava abafado por um camarote oficial da festa, alto que impedia a circulação de ar. Resumindo, este ano dei um pause em Bezerros. Mas não deixa de ser um carnaval bacana.
FESTIVAL RECBEAT
No auge do Movimento Mangue Beat o produtor Gutie criou um festival para dar visibilidade a efervescência musical que acontecia em Pernambuco. Aproveitando o carnaval, onde Recife transborda de turistas, o festival levou ao seu palco todo o time do movimento, Chico Science e Nação Zumbi, Mundo Livre S/A, Mestre Ambrósio, Eddie entre tantos outros. Hoje o RecBeat faz parte da programação oficial do carnaval recifense com shows de artistas locais, de outros estados e até mesmo de outros países. Eu peguei uma gripe chata no domingo de carnaval e passei a segunda me recuperando (por isso perdi o show de Junio Barreto e da Nação Zumbi no Pólo Várzea), mas na terça-feira tinha show de Criolo no RecBeat e eu tinha que ir. E fui. Criolo justificou o porque de tanto barulho em torno de seu nome. Com um show arrebatador, desfilou seus hits e músicas obscuras do primeiro disco quando ainda assinava Criolo Doido. Eu, como sempre, saí um pouco antes para não cair nas garras dos taxistas oportunistas. Thiago Guerra me disse depois que eu perdi muita coisa. Fico pensando que se o que vi já foi um showzaço se ficasse e assistisse até o fim o que iria achar? Jamais saberei. Só sei que foi um puta show!
E é isso!
Um comentário:
Nossa!!! Que mistura boa!!!! Tradição e modernidade!!! "Não tem preço". Bjs
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