terça-feira, 17 de maio de 2011

Edição Oi,Tô (Gripado!)

Gripe as vésperas de ir para o Rio. Preciso melhorar rápido! Daniel Guerra me visita aqui em Recife, amanhã rola EnCONTOS CADÊ DENISE no Banquete. Preciso melhorar rápido! A edição OITO ficou assim:

AGENDA ZARAYLAND – Espaço para divulgar eventos bacanudos pelo mundo. Por hora ficarei nos endereços de Recife e do Rio, mas quem sabe onde meu passaporte pode me levar?

MEU POVO – A Coluna volta desta vez com o poeta EUD PESTANA. Meu guru, amigo, compadre, sócio, irmão, ídolo e mais um pouquinho que nem consegui escrever.

O NÓS PÓS – Falo um pouco do grupo de poetas e artistas aqui de Recife Nós Pós, ou de como conheci eles, ou só mais um dos capítulos de minha história aqui em Recife. Leia e decida você!

“Atchimmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm!!”

DE ALGUNS POETAS DA TERRA DA LARANJA – Filme de TIGU GUIMARÃES feito há uns anos em homenagem aos poetas de Nova Iguaçu.

DMV (DISCOS DA MINHA VIDA) – Inauguro a coluna assinado por MARLOS DEGANI para o Zarayland, nos contando um pouco sobre os discos que mudaram sua vida. Nova experiência aqui no blog com um colunista fixo. Comentem please.

Preciso melhorar rápido!!!!!

Um beijo um queijo e um beliscão de caranguejo!!!

AGENDA ZARAYLAND

II EDIÇÃO DO EnCONTOS vc PE – Cadê Denise?
Amanhã dia 18 de maio de 2011, acontecerá no Banquete a segunda edição do EnContos versão PE, as 19h. O tema dos contos será CADÊ DENISE? Quem quiser chegar para ouvir as histórias que surgiram do tema proposto, será bem vindo. Quem quiser escrever ainda e ler amanhã, não perca tempo!

Bar e restaurante Banquete
Rua do Lima, 195 – Santo Amaro – Recife
(ao lado da Igreja e em frente à TV Jornal)
Telefone: (81) 3423.9427


SHOW DA BANDA CAÔ DE RAIZ
Sexta-feira dia 20 de maio de 2011 vai rolar show do Caô de Raiz no Severyna de Laranjeiras a partir das 21h. A banda que está com seu novo disco quase pronto fará um show para sacramentar a volta depois de alguns anos fora da ativa. Com participação de Penna Firme e abertura dos Djs do Power Trio Carnavalha a noite promete! Quem tiver no Rio não pode faltar!

Severyna de Laranjeiras
Rua Ipiranga, 54 – Laranjeiras – Rio de Janeiro
Telefone: (21) 2556.9398

Meu Povo: Eud Pestana

Em 1987 comecei a trabalhar na Ebony (atual Embelleze) no Departamento de Artes como auxiliar de fotolito. Nem sabia o que era fotolito, mas era um trabalho dentro de um departamento do qual queria fazer parte. Lembro-me perfeitamente do meu primeiro dia. Um medo misturado com timidez com desconforto com todos os conflitos e inseguranças dos meus dezesseis anos.

Ali naquela sala me tornei adulto. E um adulto bacana - e agradeço muito aos meus colegas - mas diretamente a uma pessoa: Eud Pestana. Trago um pouco de cada um que trabalhou comigo naqueles primeiros anos. E minha história, quem sou, o que ainda vou fazer da minha vida, como vocês me conhecem devo a amizade com o Vavá (para os íntimos) e com aquele grupo fantástico formado por Miro, Thomaz, Luizmar (Cabeça) e Robertinho.

A doçura e sensibilidade de Eud Pestana me contaminaram. Sua forma de olhar o mundo, pelas lentes da poesia, me fez enxergar um mundo melhor. Eud é incapaz de ser rude com alguém. É compreensivo ao extremo e para tirá-lo do sério é muito difícil. Mas é tarefa que ninguém almeja. Queremos, quando o conhecemos, amá-lo.

Poeta de pena ágil e leve. Lírico, com rimas inusitadas, muitas vezes sacaninha, Eud Pestana é um poeta de elevadíssimo quilate, desses que dá vontade de ler sem parar. Ele me fez entender a possibilidade do poema. Quando eu achava a poesia uma coisa chata ele me mostrou que ela podia ser um brinquedo. O lúdico sonho possível.

Toda sexta, confeccionávamos bottons para homenagear um poeta. Cortávamos papel Paraná, colávamos uma imagem e Eud pintava um texto/homenagem como: Viva Quintana, Salve Bandeira e por aí ia. Depois começamos a ler poemas no fim do expediente inaugurando o que chamávamos de Sexta-poética!

Foi numa sexta-feira dessas que criamos o Desmaio Públiko, mas aí já é outra história. E com o Desmaio Públiko comecei a publicar meus primeiros poemas, sempre sob o crivo de meu mestre e guru Eud Pestana!

Namorei muito dentro de seu fusca “Geocondo” quando docemente ele dava uma de motorista para mim e minha namorada: “Para vocês ficarem mais a vontade”, ele ia na frente sozinho e eu e ela lá atrás...

O mundo precisa conhecer os poemas e o poeta Eud. Por isso exijo um livro já!
Queria ter 10% do talento de Eud Pestana e que o mundo tivesse apenas 1% de sua doçura. Pois com isso já seria um lugar bem mais bonito para se viver!
Evoé Poeta!

GOIABA-SAPOTI

Goiaba madura
atrai pintassilgos

sapoti noturno
atrai morcegos

 tua boca vermelha,
molhada de centelha

atrai meu vexame
de abelhas

fominhas de beijo.


O Nós Pós

Certa noite duma sexta-feira, nos primeiros meses aqui em Recife, fiquei em casa bebendo umas cervejas esperando o Bar Garagem abrir (ele só abria depois da meia-noite) e era difícil ficar acordado até a meia-noite, pois aqui escurece bem mais cedo, as pessoas dormem mais cedo e não conhecia ainda outros bares e nem tinha amigos com quem pudesse ficar conversando vendo a hora passar.

Denise havia desistido de ir comigo, vencida pelo cansaço e pelo sono. Fiquei então colocando música, bebendo e olhando a hora de minuto em minuto.

Meia-noite peguei um taxi e me mandei para lá. Tive que esperar ainda até as 2h quando Nilson (dono do bar) resolveu abrir. Eu e uma matilha esperávamos no posto de gasolina consumindo latinhas e conversando. Mas quando abriu o bar, cada um foi para o seu lado, cuidar de seus interesses.

Como não conhecia ninguém, fiquei nos banquinhos do balcão do bar ouvindo o som que Nilson colocava e tentando – muitas vezes em vão – puxar papo com o nem sempre simpático faz tudo e proprietário da casa.

Cansado de conversar com minha cerveja, peguei mais uma e fui lá para fora olhar as pessoas. Mas ficar segurando uma garrafa na mão (lá só vendia garrafa de 600ml) e um copo na outra e ainda querer fumar não era uma das mais confortáveis situações. Pedi então para apoiar minha cerva na mesa de uma galerinha que foi muito simpática e me convidou para sentar.

Estava no Nós Pós.

Contando que era novo em Recife, que era poeta e tal, me comunicaram que tinham um grupo de poesia, que faziam apresentações, que tinham um fanzine e pediram para eu esperar para conhecer Alexandre. Um guerreiro hasteando a bandeira da resistência e da poesia. Convidou-me para participar da próxima edição do Nós Pós no Burburinho o que aceitei de imediato. Ficamos bebendo e conversando até umas 9 horas da manhã.

O Nós Pós no Burburinho foi dez. Era a primeira vez que eu ia no bar e já gostei de cara de lá. Vi os poetas sentados juntos numa mesona (como acontecia comigo e com meus comparsas do Desmaio em Nova Iguaçu), vi um poeta novinho com rabo de cavalo, todo de preto que disse logo: “Olha o meu filho ali”. Poetas com forte teor político. Poetas com tão sensíveis que pareciam pétalas de rosas. Poetas performáticos. Enfim, poetas para todos os gostos. E acho que gostaram de mim também.

Meses depois no aniversário de 1 ano do grupo fui novamente convidado a declamar, desta vez, na livraria Cultura. Vinha de um churrasco e já cheguei trêbado. Esqueci um poema no meio (Sídrome de Sandrinhoooo) e me justifiquei: “Gente, eu estava num churrasco!” e o teatro em uníssono: “Ahhhhhhhhhhh”. Foi lindo. Lindo também foi reger as pessoas com o poema de “Nas Mãos em Conchas do Meu Amor” de Ivan Odara.

Depois participei de eventos literários do Nós Pós em outros locais, como as edições de verão numa sorveteria nos Aflitos.

O Nós Pós é muito mais que um grupo de poetas ou um evento. O Nós Pós desenvolve ações - desde projetos, planejamento de eventos e projetos gráficos até manutenção de terminal de divulgação - que visam contribuir para o desenvolvimento das artes, focando na nova geração de artistas contemporâneos.

Fiquei muito honrado em participar de sua história!

http://nospos.blogspot.com/

De Alguns Poetas da Terra da Laranja – TIGÚ GUIMARÃES

Tigú Guimarães mora em Madrid na Espanha e quando não está lá, está em Santo Domingo na República Dominicana. Suas passagens pelo Brasil são sempre muito corridas e concorridas, mas aproveitadas saborosamente. E numa dessas visitas a sua cidade natal me contou que queria fazer um filme sobre os poetas de lá, Nova Iguaçu.

Bacana. Ele marcou às 9h de um sábado no Bar Raízes para pegar os depoimentos e tal. Eu bebi como um beduíno que encontra um oásis na sexta-feira. No sábado estava estragadaço, quando o telefone tocou ao meio-dia: “Porra Cézar Ray, só falta você e amanhã vou para Madrid”. Não podia deixar de ir, mesmo com uma ressaca godzilla.

Cheguei lá com o sol a pino. Tigú me colocou o microfone de lapela. Explicou-me como seria minha participação: “Vou te fazer umas perguntas e você responde, só isso”. Beleza. Quantas vezes já contei a história do Desmaio Públiko. Ou de como comecei a escrever. Pobre Cézar Ray. Quando Tigu disse: “Ação!”, já deu um frio na espinha. Aí ele me manda a primeira pergunta: “Por que Poesia?”

Fudeu.

Até hoje ele diz que eu amarelei. E foi verdade. Não sei porque, se o sol agressivo, a ressaca medonha, o nervosismo imprevisível, me roubaram as palavras e minha participação do filme é pífia, curtinha e nervosa. Mas não tira o brilho do filme que traz maravilhosamente Liriam Tabosa, Sil, Moduan Matus e Naldo Calazans. E ainda é permeada com poemas de Alcides Eloy, Jorge Cardozo, Reginaldo Bastos, Ivone Landim entre outros.

Com uma edição dinâmica e tomadas em movimentos milagrosos, o filme não dá descanso ao expectador. É poesia e poesia e poesia e poesia. Uma metralhadora incessante na mente, nos ouvidos, nos olhos e nos corações de quem assiste. Faz também uma homenagem a três poetas que haviam falecido: Soneca, Samaral e Lobo. Eu tirei um zero como personagem, mas Tigú Guimarães e meus amigos poetas mereceram um dez! Um 10+!!

DMV (Discos da Minha Vida)

CANTORIAS I e II (Elomar, Xangai, Vital Farias e Geraldo Azevedo)

A única coisa que posso dizer nessa vida é que sou poeta. Nada mais. Gosto muito de cinema e de música também, mas não faço uma coisa nem outra. Nada além de um mero poeta, repito.

Mas há muito tempo gostaria de tecer algumas palavras sobre dois discos que foram de extremíssima importância na minha formação musical e que, como dizíamos naquela época, fizeram a minha cabeça.

Faço referência aos discos Cantoria 1 e 2 da Kuarup Produções de meados da década de 80, século passado. Cantoria foi um projeto que reuniu quatro feras da música brasileira: Elomar, Xangai, Vital Farias e Geraldo Azevedo em dois discos ao vivo separados por um pequeno hiato de tempo. Antes de comentar os discos propriamente ditos, fico incomodado com o fato de gente do quilate artístico de Elomar, por exemplo, apesar de ser um compositor prestigiadíssimo e de ter, por conseguinte, um enorme público, não ser um cara reconhecido nacionalmente. Elomar é um gênio da composição brasileira. Um sofisticado cantador do sertão baiano, nascido à beira do Rio Gavião que desvenda o mistério sertanejo do seu povo e, com isso, de todo o Brasil que conhece e traduz por meio de suas composições absolutamente magníficas.

Cantoria me prestou logo de cara um enorme favor: apresentou o que é música sertaneja de fato, o que é a música do interior do Brasil. Logo em seguida passei e me interessar pelos regionais como Renato Teixeira, Pena Branca e Xavantinho e Almir Sater, entre outros, mas foi Cantoria que abriu os meus olhos, que despertou a poesia do que é simples, entretanto, não simplório.

Além de toda a densidade estética de Elomar, mantida, em contraposição, por sua leveza, Cantoria reúne ainda as maravilhosas participações de Vital Farias e Geraldinho com auxílio luxuoso de Xangai.

Em ambos os discos, Cantoria começa com um desafio. No primeiro, Elomar e Xangai desfilam um apanhado de composições e conversam em música. No segundo os quatro participam do desafio. É coisa fina, Sinhá... Como diria o nosso Ney Lopes.

Pode parecer exagero, mas todas as músicas dos dois discos são irretocáveis. Lindas. Majestosas. Portanto é difícil destacar partes. Sem perder o medo de praticar alguma injustiça, no disco um, as interpretações do Desafio do Auto da Catingueira (Elomar e Xangai) e da Cantiga do Boi Incantado (Elomar) são de arrepiar. Temos ainda o clássico de Jatobá, Matança, que Xangai simplesmente imortalizou. Pontos altíssimos: Saga da Amazônia e Saga de Severenin, belíssimas composições de Vital Farias que o mesmo interpreta emocionadamente e acaba ovacionado pela platéia. Nem citamos Cantiga do Estradar, de Elomar (os quatro interpretam) e Kukukaia, de Cátia de França, que Xangai toca e canta de um modo todo especial.

O dois tem, igualmente, os seus destaques: Quadrada das Águas Perdidas é de fazer chorar! De Elomar com a participação da turma toda. Sussarana, também de Elomar, com participação especial do ceguinho Francisco Aafa e violão do Geraldinho é uma pérola da nossa música. Estampas Eucalol, de Hélio Contreiras, que Xangai defende com muito talento e violão de Geraldinho, que também presenteia o ouvinte com Caravana e Talismã.

Para resumir: dois discos que não podem faltar no seu MP3.
Se não conhece, conheça. Se não ouviu, ouça. Se não amou, ame.
Se não cantou, cante.

Aqui você baixa os dois discos:


Marlos Degani

Marlos Degani participa do grupo de poesia Desmaio Públiko em Nova Iguaçu. Escreve crônicas periódicas no sítio do Baixada Fácil www.baixadafacil.com.br e lançou seu primeiro livro de poemas chamado Sangue da Palavra em 2007 e um CD de poemas chamado MARLOS DEGANI - ATÉ AGORA em 2009, com a sua poesia completa (édita e inédita). Peça o seu CD e seu Livro pelo e-mail: marlosdegani@gmail.com






quinta-feira, 5 de maio de 2011

EDIÇÃO SE7E

Maio na área! Edição do Zarayland Pintando o Se7e no pedaço. Chove dilúvios em Pernambuco. A saudade grita pulmões em meu peito amargurado. Tanta poesia rolando e eu mudo. A ponto de explodir, concluo:

Texto sobre Antônio Fraga publicado no livro “Um Olhar pelas Janelas da Baixada” de Moduan Matus, abre os trabalhos na coluna Meu Povo, com textinho meu sobre como conheci o mestre, em seguida.

O Garagem em Recife era um bar ou era o que? Apresento-lhes mais um dos meus saudosos bares!

Histórias de uma época alucinada: O M@SS festas festas e festas!

Mais quatro fotos clicadas pelos meus olhos sagrados em andanças pelaí.

Fechando o bonde, Sil, Jr. Blue e Marlos Degani nos contam como foi o primeiro Encontro de Poetas e Afins em Nova Iguaçu.

Um beijo um queijo e um beliscão de caranguejo!

Cézar Ray

MEU POVO: ANTÔNIO FRAGA

Existem algumas coisas em nossas vidas que a gente não consegue esquecer, não sabemos se é porque estamos ligados pelo sentido da arte ou se é porque simplesmente algumas pessoas sacodem nossas vidas ao ponto de influenciar em nossas personalidades. Geralmente durante as nossas vidas não conhecemos ninguém que seja inferior nem superior. Alguns sabem sobre um certo assunto e outros têm um assunto certo. E assim serão todos, por não serem iguais.

Uns são teóricos, outros são práticos, uns são filosóficos e outros nem querem saber o que são. Mas, em questão de simplicidade poucos são os que conhecemos.

Uma das simplicidades notórias que conhecemos em Nova Iguaçu, que chamava a atenção, foi o escritor, poliglota, dramaturgo, matemático, artista plástico, contista, cronista, poeta, romancista, tradutor, intelectual, malandro do mangue nas décadas de 30/40 e grande aventureiro, Antônio Fraga.

Ele contava que conheceu a sua primeira e única esposa, com a qual teve seis filhos, Therezinha Manga Fernandes, quando ela era ainda menor de idade e já audaciosa, pois fugiu pela janela de seu quarto para morar com Fraga num quartinho, emprestado, na casa de amigos. Contava também, que às vezes não tinham nada em casa para comer, mas quando estavam com dinheiro, freqüentavam os melhores lugares da cidade e ainda convidavam os amigos. Em 1963 os dois acabaram vindo pra Queimados.

Antônio Fraga contou-nos também, que certa vez traduziu o livro O Super-macho de Alfred Jarry e depois o poeta Paulo Leminski acabou ficando com o copyright da tradução.

Fraga escreveu um romance em 1942 chamado Desabrigo, foi publicado em 1945, e foi o primeiro livro em gíria publicado. Essa obra foi elogiada por: Oswald de Andrade, João Antônio, Antônio Callado, Edino Krieger, José Louzeiro, Moacir Félix, Celso Cunha, entre outros. Fraga morou na casa de Djanira, foi amigo de Pancetti e Vinícius de Moraes. Publicou em 1978 o poema dramático "Moinho e", escrito em 1957 e que ele sempre teve a esperança de vê-lo encenado.

Voltando à simplicidade, o que queremos dizer é que não entendemos como um escritor de tanto valor como o Fraga possa ficar tão esquecido. Olha que são 30 anos de Baixada! Que a Baixada junto com ele foi capa do Caderno B do Jornal do Brasil em 12 de novembro de 1985. Está lá em letras grandes: "Localizado na Baixada o autor que Oswald comparou a Guimarães Rosa e Clarice Lispector".

É triste ver que a literatura daqui não tenha significado para a maioria. É triste saber que uma pessoa leva uma vida inteira lutando para transformar a vida dos outros numa maneira inteligente de absorver o que é bom e o que é descomplicado, e não seja entendido. Talvez por isso Fraga tenha levado o título de "escritor maldito", por ser tão maldito quanto o local que escolheu para morar em definitivo.

A Baixada tem 3 milhões de habitantes e com isso a capacidade de influenciar política e economicamente em todo o Estado e no Brasil. Será que as pessoas ainda não se deram conta de que parte da história está aqui dentro? Ou será que iremos sempre a reboque?

Não vamos deixar nossos valores esquecidos, vamos levá-los para as salas de aula, para as ruas e estufar o peito dizendo: - Eu conheço a cultura do meu lugar.
Que Antônio Fraga possa ser tombado além do túmulo onde jaz desde 19 de setembro de 1993 e que sirva como marco da riqueza cultural da Baixada.

Moduan Matus, 20 de março de 1995

Texto publicado originalmente no livro Um Olhar pelas Janelas da Baixada, Moduan Matus – 2000


FRAGA E EU

Nunca havia visto Moduan chorar. Mas naquele dia no Pelezinho ele debruçou-se na parede da rodoviária (onde ficava o café Pelé) e chorou de soluçar. Juro que fiquei impressionado por não saber da importância que Antônio Fraga tinha, não só para ele, mas para todo o mundo.

Tive dois contatos com o Fraga em minha vida. Uma, quando o mesmo Moduan organizou um Encontro com a Poesia na extinta Casa de Cultura de Nova Iguaçu. Depois de vários poemas declamados por vários poetas fui para a varanda da casa e fiquei ali, namorando comportadamente minha namorada. Antônio Fraga saiu, não me conhecia, mas disse uma frase emblemática para mim: “Isso aí que vocês estão fazendo é poesia, lá dentro é só conversa fiada”.

Nunca vou esquecer-me disso. Primeiro porque nem sabia quem era aquele senhor, em seu impecável terno e gravata, que ia embora e fora tão crítico a tudo que eu acreditava na época. E segundo por ter entendido muito mais sobre poesia depois de sua sentença. A poesia não precisa de palavras, de construção, mas sim de paixão!

A segunda vez, já sabendo de sua importância, Moduan me apresentou numa exposição do projeto Arte na Caixa, organizado por outro Antônio, o Filipak, onde um artista-plástico o retratara. Mas Antônio Fraga não havia gostado nada de seu quadro. Vaidoso, em ocasiões sociais estava sempre de terno e com cabelos penteadíssimo, o artista – sem saber – escolheu uma foto para referência onde Fraga estava com barba por fazer e descabelado.

Fomos beber no bar em frente e ali pude conversar um pouco com ele. Lembro-me que Fraga acendia um cigarro no outro ininterruptamente. Isso me impressionou na ocasião.

Nesta época eu estava escrevendo um livro chamado A Verdadeira História de Ernesto Jatobá. A história de um malandro carioca, onde abusava da liberdade da escrita. Capítulos pequenos. Às vezes uma só frase. Outras, um poema. Mas não havia lido ainda o clássico de Antônio Fraga: Desabrigo. E anos depois ao lê-lo, descobri que, sem querer, eu havia chupado muito do livro. Existem muitas coincidências entre os dois personagens. Claro que não comparo minha obra ao Desabrigo, mas me causou surpresa absoluta. Em outra oportunidade falarei do Desabrigo aqui no Zarayland.

A Prefeitura Municipal de Nova Iguaçu, através da Secretaria Municipal de Cultura lançou o Fundo Municipal de Cultura Escritor Antônio Fraga que contempla diversos projetos culturais criados e produzidos por sua população. Tirando muitos livros das gavetas, dando voz à músicos, palco à atores e diretores, telas à cineastas e pintores entre outras manifestações artísticas. Um pouco de justiça ao nome que tanto contribuiu para a cultura.

Cézar Ray

Cézar Ray é este maluco que vos escreve.

O GARAGEM

Acho que 90% dos meus amigos adorariam o extinto Bar Garagem em Recife (vou explicar depois o extinto). Os outros 10% sentiriam repulsa do lugar. O bar, na verdade uma garagem podre de madeira com um trailer dentro onde o proprietário; garçom; caixa e DJ Nilson criava seu método “Do you yousef” se atirando em todas as funções.

O Garagem só abria depois da meia-noite e fechava - várias vezes - depois das 8h da matina. Então era um bar ideal para o fim de noite de toda galera notívaga de Recife. Doidões, artistas, mauricinhos e patricinhas, alternativos, jornalistas, celebridades e toda sorte de gente que preferia esticar mais um pouco a noite e socar o sereno, dava as caras no Garagem.

Os moralistas de plantão acusavam o bar de ser um “antro, uma masmorra de doidões incrustada em pleno bairro nobre”. E não estavam muito errados. Mas e daí? O Garagem era mesmo como um oásis invertido no meia da testa da burguesia. E incomodava! Adoravelmente.

Assim que cheguei ao Recife, comprei a revista Veja Comer & Beber daqui. Para usar como primeiro norte para minhas investigações gastronômicas e cachaçais. Melhor bar, fulano de tal; melhor lugar para namorar, beltrano; melhor sushi, sicrano; e tava lá melhor fim de noite: GARAGEM. Mas mesmo com o endereço, nunca havia visto o bar. Descobri por acaso e de forma pouco ortodoxa se tratando de Cézar Ray.

Como acordava muito cedo (isso é verdade, acreditem), resolvemos (Eu e Denise) começar a caminhar na Beira Rio da Torre. Da casa de Denise e Silvia era um quilômetro e já chegávamos lá aquecidos. Segunda, terça, quarta, todo dia 7 voltas na pista de 1.400 m. Na quinta porém, ao longe vi uma aglomeração de pessoas de fronte a um borracheiro (para mim era só um borracheiro e sei lá, uma oficina) e música alta (Rehab de Amy Winehouse). Não podia acreditar, aquele lugar fétido era o Garagem.

Pensem num terreno comprido, com partes cobertas e outras descobertas por telhas de toda sorte de material. Na frente, acima do trailer um mezanino com uma escada de madeira que dançava perigosamente conforme se subia. Atrás sofás velhos espalhados onde a galera se largava, desmaiava, namorava. Som altíssimo, privilegiando sempre o Rock’n’Roll, mas com Jazz, Blues e MPB também. Banheiros podres (para quem conheceu, pior que do Daniel’s Bar de NI). Mas gente animada, cerveja gelada, música boa. Isso era o Garagem! “Um lugar do Caralho.”

Com a pressão criada para tirar os estabelecimentos ilegais da beira-rio (um borracheiro, o Garagem e um estofador) a Diretoria de Controle Urbano do Recife (Dircon) – órgão da Prefeitura da Cidade colocou abaixo as três construções, acabando assim com o cantinho mais sujo e mais legal de Recife.

Nilson ganhou uma indenização avantajada da Prefeitura (pois tinha alvará e outros documentos) e remontou o Garagem no Recife Antigo onde continua com o climão fim de noite e tal. Mas não é a mesma coisa e jamais voltará a ser. É outro Garagem é outro o momento. E aquele Garagem do bairro das Graças, ficará guardado em nossas lembranças (ou o que nos sobrou delas)...

M@SS – MULTI ATITUDE SUB-SOLO

Achava que em Nova Iguaçu eu era o único cara que ouvia Chico Science & Nação Zumbi e todo o movimento Manguebeat (ou Manguebit). Meus amigos da época, nem sabiam do que se tratava. Todos muito mais ligados em MPBs e afins. E eu lá descobrindo a música eletrônica, desbravando o Hip-Hop, o metal e o indie rock!

Chico faleceu em 02 de fevereiro de 1997, motivo de grande tristeza para mim e, na época, para outros comparsas que começavam a gostar de seu som e do conceito Mangue.

Para minha surpresa um tempo depois, estava tomando umas no Choppimpé, uns carinhas passaram filipetando uma festa. Não uma festa comum, mas um Tributo ao Chico Science! Fiquei surpreso e amarradão! Existia um outro planeta dentro do meu universo que não conhecia! Trocamos telefones, marcamos umas cervejas. Fizemos amizade!

Eram eles: Ricardo Quirino e Jorge II (ou Jorginho) que com Ferreirinha formavam o M@SS. Coletivo organizador de festas, shows e eventos e produtos culturais. Como bom e animado produtor cultural amador que eu era, me juntei ao grupo. No início somente fazendo seus cartazes e flyers. Depois declamando poemas nos eventos. Passei a dividir sets como DJ nas festas. E por último organizando e idealizando junto a eles, outros eventos.

Com o tempo outros diamantes se juntaram a nós, como Marcelinho (Marcello Comuna), Dudu, Rogério, Canisso, DMT e toda uma nova geração pronta para arrepiar a comportada cidade.

Com o M@SS produzimos festas no MAB que ficaram para a história alternativa da cidade de Nova Iguaçu. Muita gente ouviu pela primeira vez várias bandas e projetos em nossas festas. Produzimos shows, como das bandas SQWAS, Pé do Lixo, Unabomber, Narguilé. Criamos eventos de Hip Hop (Hip Hop na Veia), todo ano a festa “Todo Camburão tem um pouco de Navio Negreiro” comemorava a semana da Consciência Negra, fizemos festas de música eletrônica, arrecadamos fundos para um trailer/bar, onde bebíamos, que explodiu. Muitas vezes (a maioria) com dinheiro de nossos próprios bolsos. Pagávamos para as pessoas curtirem. Até os bares dos eventos (onde poderíamos lucrar algum cascalho) davam prejuízos. Saborosos prejuízos.

Mas a intensidade com que vivíamos a noite nos fez dar um freio violento em nossas vidas hardcore. Fui pai em 1999 e dei um tempo da noite, em andar com meus amigos vampiros. Quirino, para dar uma brecada geral, entrou de cabeça em projetos sociais ligados a Igreja Católica e Jorginho seguiu com novos parceiros.

A época do M@SS foi muito elétrica, onde a música a amizade e as novidades sacolejavam lado a lado. Olho para trás e vejo como éramos loucos, irresponsáveis, sonhadores mas acima de tudo românticos, e sinto saudade, muita saudade!

Brincando com as Lentes da minha Rolleiflex – Deux

Estas flores são minúsculas e ficam na minha varanda. Com zoom me lembraram chamas.


















Estava em Bezerros no carnaval, quando passou este fusca conversível com essas figuras prateadas. Contrastei.





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De São Paulo para o Rio, numa parada, encostei-me ao ônibus e vi este reflexo dando continuidade à paisagem.










Experimentando o zoom na minha TV. Gostei do efeito!

ENCONTRO DE POETAS & AFINS

Longe de comparações, pois os tempos não são os mesmos de um período que conhecemos de efervescência do “Desmaio Públiko” ou dos “Encontros com a Poesia”, que aconteciam na cidade, a chama continua acesa, e isto é o que importa agora, por que é aí que entra, também, o novo!

Na noite do Encontro de Poetas & Afins (28/4), comandada por Moduan Matus, rolaram ao mesmo tempo em pontos de dentro e fora de Nova Iguaçu outras comemorações, o que talvez tenha diminuído, em quantidade, o público presente. Mas, só em quantidade!!!! Porque a qualidade de nossos poetas é incontestável!!!!

Lá estiveram (direto da Penha) Ana Cajueiro e Eud Pestana, este um dos pais do D.P.; JR Blue; Marlos Degani; Pedro Bigorrilho de Borgonha; Jorge Rocha (de Mesquita); Ivone Landim; Marília; Sérgio-SalleS-oigerS e sua turma (de Bel); Arnoldo Pimentel; Jorge Medeiros e, chegando no final, Márcio Rufino e Josy Lozada (vindos do ensaio da peça “O Inspetor Geral”); e tantos outros conhecidos e afins, como Fábio Branco, Filipack, Daniel Guerra, Almir Silvícola e Silvana Amaro (de passagem), Luciana e Lafayette Suzano (contista participante dos EnContos).

Todos recebemos um grupo novo, dirigido por Cida Matos (uma das “Mulheres de Jorge”), a Cia Teatral da Melhor Idade, com o vídeo da apresentação que eles fizeram no Teatro Procópio Ferreira, em 2010, intitulado “Pedacinhos de Mario Quintana”. Nada mal para se começar a noite, não?! Enfim, foi muito bom!!!

Muito bom “trocar figurinhas” com os amigos; saber um do outro e a Poesia se fazer presente nos energizando. Foi apresentado o Jornal Plástico Bolha para quem quiser participar de novas edições e teve distribuição dos fanzines “Pó de Poesia”, “Aprisco Literário” e “Gambiarra Profana” e porque não dizer, crias do fanzine Desmaio Públiko. Prova e garantia de que, certamente, a Poesia vai unindo gerações, fortalecendo amizades e prometendo novas formas de encontros, pois “tudo vale a pena, se a alma não é pequena”, não é mesmo?!

Está feito, então, o convite: toda última quinta-feira do mês, a partir das 19 horas, ocuparemos o Espaço Cultural Sylvio Monteiro, com o Encontro de Poetas & Afins.

E aí Poeta, tá a fim?!

Sil

Sil é poeta iguaçuana, contista, designer, mãe de Marília e do livro de poemas Miscelâneas de 2006


VIVA A POESIA!

Há algum tempo atrás, bateu uma saudade grande de ver circulando o nosso bom e “velho” DESMAIO PÚBLIKO. Publicação, que como já disse várias vezes, pelo meu ponto de vista, sempre foi movida pelo TESÃO. Pensando em despertar este Tesão adormecido no nosso principal editor, criei um fórum na comunidade do Desmaio Públiko chamado FANZINE VIRTUAL, onde qualquer poeta da comunidade pode entrar e postar seu poema, como se estivesse entregando um “guardanapo rabiscado” ao querido Zaray, para ser publikado no Desmaio. Como fazíamos antigamente. A idéia do fórum vingou. Contando com a primeira edição, que sumiu misteriosamente, foram postados aproximadamente 1000 poemas em dois anos. Confesso que uso o Fanzine Virtual, da mesma maneira que usava os guardanapos dos bares, escrevendo sem pensar aquilo que me vem em mente.

Na última quinta feira (28/04) fiz o mesmo. Depois de passar a tarde inteira redigindo textos para apresentação de um projeto, fui lá no Fanzine Virtual e fiz uma postagenzinha básica. Depois fui a minha caixa postal e vi o recado do Moduan sobre o ENCONTRO DE POETAS que estava rolando na Casa de Cultura. “Putz, já ia me esquecendo”! Fechei tudo e fui pra lá!

A casa estava escura, olhando da rua. A porta principal fechada, o pátio dos fundos vazio, parecia que não tinha nada rolando. Mas entrei assim mesmo e encontrei a turma toda no corredor lateral da entrada do Teatro. Moduan se justificando, pedindo desculpas pelo “mau jeito”, pois o dia estava nublado e com medo da chuva atrapalhar montou tudo ali mesmo! Como se agente ligasse pra isso!

Encontrei de cara o Marlinhos com uma beer na mão, que já foi me oferecendo um copito e que obviamente não recusei. Comecei a passar os olhos e vi Ivone Landim, Lafaiete Suzano e Luciana, Sil e a pequena Marília (07 anos de poesia), Filipak se despedindo, Daniel Guerra que saiu logo em seguida, Vavá e Ana, Silvia Regina, Cida do Carmo e Tia Fernanda... E mais uma galera. A casa tava cheia!! Muito bom! Tudo muito “comportado”, todo mundo sentadinho em volta do microfone, um pouco diferente dos Antigos ENCONTROS COM A POESIA, que o Modú e todos nós organizávamos. Aliás ENCONTRO DE POETAS fica parecendo reunião para eleger síndico, prefiro ENCONTRO COM A POESIA, pois foi exatamente isso o que encontrei lá. A Poesia! Fiquei vendo o quanto precisamos disto, o quanto é bom este encontro. Marlinho foi logo dizendo: “Pô, isso tem que ser uma vez por mês”!! Também concordo: Uma vez por mês!!

Não pude ficar muito tempo, tinha que partir, mas a vontade era de ficar “pra sempre”!

Tava bonito, Vavá (Eud Pestana) como sempre mandando bonito e encantando o públiko!!! Todos muito atentos, microfone aberto, tempo liberado. Mandei o Poema que acabara de postar no Fanzine Virtual, chamei Marlinhos, que chamou Moduan. A pequena Marília falou como gente grande. Tinha um Poeta, que não conheço, que preferiu se abster do microfone, mandou “na lata”. Gosto disso. Enfim: fiquei feliz pra caramba! Precisamos deste exercício, espaço para novos talentos, apresentação de trabalhos, de descobertas, de bate papo, conversa fiada, de TESÃO !!!!

VIVA A POESIA!!! TODO DIA, NA CALÇADA DA TUA TIA!!!

JR. Blue

JR Blue ou Jr. Júnior é poeta, arquiteto, integrante do obscuro grupo de declamadores Decúbito Dorsal e ainda este ano lança seu primeiro livro PENTE FINO.


FOGUEIRA

Tempo vai; tempo vem. E nessa brincadeira lá se vão quase 20 anos que pertenço à seara da poesia. Tudo começou com o Desmaio Públiko. Muitas coisas aconteceram: saraus, projetos, apresentações e que tais. De certa forma, declamar poemas que escrevi (ou não) passou a fazer parte da minha vida. Sou um cabra sortudo...

Na semana passada, depois de muito tempo, fui convidado pelo Moduan para participar de um encontro com poetas: um microfone, uma roda de amigos e muita poesia. E algo estranho aconteceu quando entrava no Espaço Cultural Sylvio Monteiro naquele dia. Sabe aquela sensação que se tem quando nos aproximamos de uma grande fogueira? Foi esta mesma que senti e que invadiu as minhas entranhas. A fogueira do poema aquecendo o corpo e vencendo o frio da alma.

Percebi imediatamente como faz falta esse tipo de reunião. Uma onde ninguém precisa provar nada para ninguém. Só a poesia importa.
Vida longa à iniciativa. E que muitas outras aconteçam.

Marlos Degani

Marlos Degani é poeta! Definivamente Poeta. Sangue da Palavra é seu primeiro livro (poemas), Até Agora é seu primeiro CD (poemas lidos) e muita coisa ainda vem por aí.

As Fotos: 1) Cartaz convite do Envento, 2) Marília 07 anos de Poesia, 3) Jr. Blue, 4) Marlos Degani.