Acho que 90% dos meus amigos adorariam o extinto Bar Garagem em Recife (vou explicar depois o extinto). Os outros 10% sentiriam repulsa do lugar. O bar, na verdade uma garagem podre de madeira com um trailer dentro onde o proprietário; garçom; caixa e DJ Nilson criava seu método “Do you yousef” se atirando em todas as funções.
O Garagem só abria depois da meia-noite e fechava - várias vezes - depois das 8h da matina. Então era um bar ideal para o fim de noite de toda galera notívaga de Recife. Doidões, artistas, mauricinhos e patricinhas, alternativos, jornalistas, celebridades e toda sorte de gente que preferia esticar mais um pouco a noite e socar o sereno, dava as caras no Garagem.
Os moralistas de plantão acusavam o bar de ser um “antro, uma masmorra de doidões incrustada em pleno bairro nobre”. E não estavam muito errados. Mas e daí? O Garagem era mesmo como um oásis invertido no meia da testa da burguesia. E incomodava! Adoravelmente.
Assim que cheguei ao Recife, comprei a revista Veja Comer & Beber daqui. Para usar como primeiro norte para minhas investigações gastronômicas e cachaçais. Melhor bar, fulano de tal; melhor lugar para namorar, beltrano; melhor sushi, sicrano; e tava lá melhor fim de noite: GARAGEM. Mas mesmo com o endereço, nunca havia visto o bar. Descobri por acaso e de forma pouco ortodoxa se tratando de Cézar Ray.
Como acordava muito cedo (isso é verdade, acreditem), resolvemos (Eu e Denise) começar a caminhar na Beira Rio da Torre. Da casa de Denise e Silvia era um quilômetro e já chegávamos lá aquecidos. Segunda, terça, quarta, todo dia 7 voltas na pista de 1.400 m. Na quinta porém, ao longe vi uma aglomeração de pessoas de fronte a um borracheiro (para mim era só um borracheiro e sei lá, uma oficina) e música alta (Rehab de Amy Winehouse). Não podia acreditar, aquele lugar fétido era o Garagem.
Pensem num terreno comprido, com partes cobertas e outras descobertas por telhas de toda sorte de material. Na frente, acima do trailer um mezanino com uma escada de madeira que dançava perigosamente conforme se subia. Atrás sofás velhos espalhados onde a galera se largava, desmaiava, namorava. Som altíssimo, privilegiando sempre o Rock’n’Roll, mas com Jazz, Blues e MPB também. Banheiros podres (para quem conheceu, pior que do Daniel’s Bar de NI). Mas gente animada, cerveja gelada, música boa. Isso era o Garagem! “Um lugar do Caralho.”
Com a pressão criada para tirar os estabelecimentos ilegais da beira-rio (um borracheiro, o Garagem e um estofador) a Diretoria de Controle Urbano do Recife (Dircon) – órgão da Prefeitura da Cidade colocou abaixo as três construções, acabando assim com o cantinho mais sujo e mais legal de Recife.
Nilson ganhou uma indenização avantajada da Prefeitura (pois tinha alvará e outros documentos) e remontou o Garagem no Recife Antigo onde continua com o climão fim de noite e tal. Mas não é a mesma coisa e jamais voltará a ser. É outro Garagem é outro o momento. E aquele Garagem do bairro das Graças, ficará guardado em nossas lembranças (ou o que nos sobrou delas)...
7 comentários:
Eu nunca fui, só via as badalações high/slow society.
Mas se ele ainda existisse eu daria uma passadinha pra conferir agooora.
E marcaria ctg!!!
:D:D:D:D
:****
esses junk bares são o que há, pô.
Pena Hellcife ter estragado o que era o mais interessante.
Nunca vi ngm falar mal de lá.
O garagem era muito bom, mas não pense que você acharia bom se saisse de casa arrumadinho pra começar a noite lá.
Fazendo juiz ao prêmio dele no melhor da cidade, era bar fim de noite.
Muito bom mesmo!!
E você sempre foi a mais bela das belas que tornavam o Garagem um jardim!
Excelente a matéria, Cézar. Muito boa mesmo.
Nunca visitei o antigo Garagem nas Graças, mas soube que era uma verdadeira garagem, amontoada de coisas por todos os cantos.
Só conheço o atual, no Refice Antigo, que manteve, ao menos, a boa qualidade musical.
Pena que o antigo Garagem não durou mais um tiquinho..
SAUDADESSS DAQUELE GARAGEM ........
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