quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Koisas

Ainda não contei aqui no Zarayland a história do Fanzine Desmaio Públiko, criado por Eud Pestana e por mim em 1991. Mas, acredito que todos saibam que era um fanzine de poesia. Privilegiávamos os poemas curtos (visto que era apenas uma folhinha A4 frente e verso) e que qualquer texto maior, precisa ser bastante justificável para merecer ocupar espaço onde caberiam vários poemas menores.

Certa vez, li uma crônica de Luis Fernando Veríssimo chamada Meio-poeta e fiquei com aquela necessidade, que algumas pessoas têm, de partilhar o que a faz feliz!

Como quando conversávamos, eu, Blue, Eloy, Moduan, Eud sobre a poesia estar em todos os lugares e nem sempre caber só no poema. E que ela não pertence ao poeta. A poesia é como o perfume das flores. Se espalha no ar, polemiza a vida. E que precisávamos disseminar o belo.

E como não podia publicar o texto para dividir com meus amigos no Desmaio Públiko, precisei criar um novo canal. E assim nasceu o Koisas.

O que era o Koisas? Eram coisas que gostaria de divulgar e que não fossem necessariamente poemas, mas que tivessem a poesia como espinha dorsal. O Koisas foi a semente do Zarayland, pois tinha o mesmo espírito libertário que este Blog tem. Libertar o que acho legal. Era por demais, pessoal. As coisas que eu curtia e tinha a liberdade completa de divulgar, sem as limitações que meu outro fanzine me impunha.

Ali eu publicava contos, crônicas, quadrinhos, poemas longos, humor, divulgação de eventos, micro-biografia de poetas, entre outros.

Recebia muitas colaborações também, principalmente de Moduan Matus e de Alcides Eloy que eram co-editores de honra.

Lembro que meu amigo e professor André Porfiro, certa feita fez um trabalho com a turma em que lecionava com o poema “Infarto” de Jr. Blue, pedindo para os alunos descreverem o que entenderam do poema:

“De repente
Percebi que
o cardiologista
Não entendia nada
de coração.
E me socorri
com o cupido!”

E nasceram tantas coisas curiosas, engraçadas, poéticas, sem noção, que dediquei uma edição completa só com as respostas dos alunos.

O Koisas era assim, sem compromisso com coerência, sem compromisso com periodicidade, sem compromisso com linguagem. O Koisas era um verdadeiro blog de papel na pré-história internética.

7 comentários:

Vanessa Rodrigues disse...

Senti um cheiro de pãozinho quentinho, recém saído do forno. Não pude deixar de dar uma beliscada. Ainda mais quando se trata de FANZINE. Isso realmente me atiça a gula.. e a curiosidade. Salve! Salve! Zaray! E seu desenrolar poético.

Zaray disse...

Voltou!!! Viva!!!

silvana disse...

Por acaso, você tem todos os números? (risinhos)

Denise disse...

Como faço pra dar uma espiadinha nessas "Koisas"?

Zaray disse...

Denise e Sil, infelizmente não tenho quase nada. Preciso sempre recorrer ao Moduan Matus!

Jr júnior disse...

Essa história do INFARTO me fez crer, mais ainda, no poder da poesia !! Ela pode ser mais importante para quem lê, doque para quem a escreve.

Angela Nobre disse...

Eu adorava o Koisas! E ontem encontrei 3 edições perdidas no meio da minha papelada. Estão guardadinhos, esperando você chegar.