quarta-feira, 16 de maio de 2012

Memórias de Robson Luy II

Era Natal

Aos sábados era dia de limpeza lá em casa e minhas irmãs arrastavam, enceravam, passavam pano e cheiro gostoso em tudo. À tarde, cheirinho de cera na sala com o piso brilhante, a gente parava, todos juntos, pra comer bolo de fubá e pra assistir mais uma vez “Os Waltons”. A história do cotidiano daquela família que vivia longe lá de casa numa montanha nos Estados Unidos era tão distante, mas muito nossa também.

Quando chegava dezembro, a gente escolhia um sábado pra montar a árvore e a lá de casa era linda. Grande, verde, com bolas de todas as cores mais lindas, com enfeites muito bacaninhas tipo guarda-chuva, botinha, sombrinha, a cara do papai Noel e todos traziam uma história não sei de onde que não era a nossa, mas muito familiar. Como caçula, eu nem sei como aqueles enfeites foram parar lá em casa, mas lá estavam depois que a gente pendurava. No fim de tudo, meu irmão colocava as lampadinhas com aquele pisca-pisca lento, sem pressa e, pra coroar, a estrela pontuda de louça no alto da árvore. Depois a gente sentava pra ver o natal dos Waltons e como o filme era todo narrado em prosa pelo personagem do John Boy, nenhuma música da Rádio Mundial nem nada do que se dizia durante os dias naquela casa, nada conseguia ser tão forte e tão envolvente quanto a poesia daqueles momentos.

Um dia, houve uma confusão num apartamento ao lado do nosso, deu polícia, e o irmãozinho da moça que ficava trancada pelo marido e tinha quebrado o pé, teve que ficar lá em casa algumas horas. Era de noite, a sala apagada, a televisão acesa e a nossa árvore, uma visão do outro mundo, a coisa mais linda, com todos aqueles cartões de natal de nossos amigos e de nossa família, estava lá, com as luzinhas piscando, bem devagarinho, iluminando a neve de algodão. Eu não sabia o que dizer pr’aquele menino, mas nem precisava, a nossa árvore dizia tudo, pelo menos eu achava. E ela não dizia nada com arrogância, nada que nossa família fosse melhor que as outras, nada que nada... ela só dizia as coisas do natal.

Robson Luy é designer profissional, as vezes cantor as vezes ator. Outras – comigo - político. Promete mas não cumpre. Espero que seja o Alzheimer! Mas ainda assim amo este cara!

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