quarta-feira, 25 de julho de 2012

25 Contos – J.Marujo



Me orgulho muito de alguns movimentos dos quais participei. Em alguns tive idéias que acabaram por redirecioná-los. Os encontros para leitura de contos de escritores consagrados organizados por Lafaiete Suzano, Mauro Almeida e Henrique Souza foi um deles. Quando participei da terceira edição, sugeri a criação de nossos próprios contos baseado em uma antiga idéia, também iniciada por mim, Eduardo Oliveira, Ricardo Siciliano, Marton Olympio e Odervan Santiago. Não esperava que esses encontros, batizados de EnContos fossem tão longe e dessem tantos frutos.

Um deles é o livro 25 Contos de J. Marujo (Mauro Almeida) lançado em 2008 com capa fantástica de Sil e auxílio luxuoso de Moduan Matus, com as primeiras vinte e cinco criações deste escritor, artista-plástico e advogado!!!

Mauro é um expressionista nato. Marujo que navega muito bem em mares violentos e caudalosos ou ainda quando aporta em lugares libidinosos e amorais. A realidade em viagens quase sempre ilustradas com violência e sexo é sua matéria prima. Mauro cria imagens poéticas com visões pessoais, quase de parágrafo em parágrafo, as vezes líricas outras cruas e reais. Lafayete Suzano, que escreveu seu prefácio, escolheu belos momentos para ilustrá-las, como:

“Interessa-me o som quase inaudível do silêncio”
“Parecendo carregar nas costas o enorme peso da culpa dos mortos”
“Quanto mais brigava, mais batia. E quanto mais batia, mas brigava”
“Nessas horas, nuves cinzentas são como mortalhas: requer silêncio”
“Dúvidas amontoadas são como nuvens cinzentas de chuva e trovoadas, não tardam a mostrar a que vieram”

Acho que não foi proposital, mas na metade do livro encontra-se o único conto doce com o sugestivo nome de “Por um Dia de Paz”. Como um oásis no meio do caos. Como um intervalo para comer um doce e tirar a fel da boca. Como um respirar de ar fresco, no meio de tanta fumaça. O conto não divide o livro mas cria um certo parâmetro em sabê-lo na metade.

Citar qualquer conto é trabalho hercúleo, pois o livro funciona, meio, como uma máquina em que cada peça tem papel fundamental. E mesmo que tenha sido criado a partir de temas sugeridos vindo de diferentes pessoas e em diversas épocas, parece um livro conceitual. Daria até para ter outro título mais adequado se o mesmo, não fosse uma sacada tão genial.

Eu tive o prazer de ouvir muito desses contos em primeira mão em nossas reuniões e um prazer redobrado, depois, quando os li eternizados no livro. E entre gargalhadas, surpresas, raivas e tantas outras emoções, posso garantir que 25 Contos é um retrato expressionista de um dos movimentos dos quais mais tive orgulho em participar: O EnContos de Nova Iguaçu!

Um comentário:

silvana disse...

"Caraca!", falou bonito! O Mauro merece! E agora, Cézar, tá na gráfica a coletânea dele em 04 volumes, com outros contos desta vasta produção à partir dos Encontos. É de se orgulhar mesmo!!!! Beijin