O livro de Hugo Montarroyos é na verdade a história de uma época. Não é exatamente um livro sobre os 20 anos da banda punk recifense Devotos (quando eu conheci o som da banda em 1996 era ainda Devotos do Ódio). Também não é sobre a periferia e os morros de Casa Amarela. Como não é sobre o Alto José do Pinho. Embora seja tudo isso.
O livro é um apanhado de histórias saborosíssimas sobre pessoas que viviam situações parecidas e que por conta da Arte conseguiram mudar a perspectiva de suas vidas e com isso, influenciar pessoas e o próprio local - carente e preconceituoso - onde moravam para uma outra realidade.
A leitura é esperta, com idas e vindas nestes vinte anos de história, casos engraçados, tristes, que narram vitórias e fracassos de vários jovens que superaram as limitações pessoais, físicas, sociais, financeiras e psicológicas, com criatividade e devoção a uma causa.
Basicamente tudo gira em torno de três cabras, Cannibal, Neilton e Celo (Devotos). Mas também é a história de Tiger, de Zé Brown (Faces do Subúrbio) e de toda uma geração de artistas que explodiam criativamente, com poucos recursos e nenhum apoio, pelo contrario, perseguidos e completamente ignorados pela mídia.
O projeto gráfico é outro destaque do livro que torna tudo com sabor de fanzine e é assinado por Cubiculo. A leitura é agradável e a diagramação só contribui para tornar tudo muito mais ágil.
Eu sempre tive a curiosidade de conhecer o Alto José do Pinho e já tive lá umas vezes tomando umas com seus moradores. Já levei o BiOn! (fundador do cineclube Buraco do Getúlio – Nova Iguaçu – RJ) para conhecer o Cannibal e tive a chance de ir ao lançamento do livro na livraria Cultura e tirar foto com o autor e com os protagonistas. Garanto uma coisa, este livro vale muito o investimento
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Um comentário:
Hum.. mais um para meu acervo "bens doados por Cézar Ray".. brincando
Conheço pouco a banda, mas curti o som que Cannibal tirou com Felipe S. (Mombojó) no RecBeat durante o carnaval (niver de Ma)..
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