Moduan Matus é história e memória. E tem tanta coisa para falar sobre este poeta que é tarefa hercúlea saber por onde começar. Vamos pelo começo.
Certa feita ia eu para o trabalho, ainda cedo, muito cedo. Lojas fechadas. Se não era inverno, é assim que me lembro. Frio. Encolhimento. Ano, 91. Desci do Brasinha (empresa de ônibus) e fui andando em direção ao Calçadão. Tinha 20 anos. E mil idéias na cabeça. Mas achava tudo, muito parado na cidade dormitório. Não conhecia ninguém, não sabia de nada que a fizesse despertar!
Quando pisei no Calçadão, vi alguns transeuntes sonolentos parados em frente a Lubene, lendo alguma coisa nas portas de ferro da loja ainda fechada. Curioso fui ler também. Era um poema. Escrito a giz de colégio. Duas frases apenas: “O TRABALHO ENOBRECE O HOMEM / PARA O QUAL ESTAMOS TRABALHANDO – MODUAN MATUS (CACO DE VIDRO)”.
Assim foi meu primeiro contato com a poesia iguaçuana. Com aquilo no coco, confuso, animado como quando ouvi uma banda punk pela primeira vez, pensando: o que é isso??? Surpreendi-me novamente entrando na Travessa Rosinda Martins. Mais poemas, mais poetas decoravam as portas das lojas. Era o grupo Caco de Vidro. Capitaneado por Moduan Matus e composto por Dejair Esteves, Idicampos, J.A. Lima e André Alasf. Era quase um sonho acordado.
Foi a partir desta informção que me empolguei meses depois para criar o Desmaio Públiko.
Acompanhei de longe a movimentação do Caco de Vidro. Vi algumas apresentações. Observava sempre anônimo Moduan Matus e a trupe com olhar de fã platônico. Eu e Eud Pestana queríamos muito conhecer o poeta, mas nossa timidez não nos permitia. Até um dia, no Daniels Bar, com a desculpa de mostrar alguns poemas do Pestana, falei com Moduan pela primeira vez. Trêmulo como quem encontra seu ídolo saí de lá sorrindo e emocionado.
Meses depois com o lançamento do Desmaio Públiko consolidamos de vez esta amizade que este ano já faz 20 anos.
Com Moduan criei o projeto COBAIA para lançamento de livros alternativos (Poemas de Fim de Milênio, Os Fios Estão em Todas as Partes – Moduan Matus; Ad Nutum – Marlos Degani, Presente – Alcides Eloy e Poemas Sujos de Um Velho – Lobo foram os títulos lançados), organizamos Encontros com a Poesia, Roda de Leituras, SPI (Sociedade dos Poetas Íntimos) entre outras empreitadas culturais. Passamos a nos ver quase todas as noites, onde tive o privilégio de ouvir as histórias sobre minha querida cidade, movimentos políticos e culturais que aconteciam quando eu ainda era semente.
Moduan me enriqueceu com informações, idéias, tesões, visões e sobretudo com muita poesia. Tive a honra de ajudá-lo e incentivá-lo a lançar seu livro VERMELHO (o seu primeiro feito em gráfica de fato) e acompanhar todo o processo, além de fazer a capa e escrever um dos prefácios.
Possui o maior acervo literário de títulos lançados por autores de Nova Iguaçu. É o maior colecionador do fanzine Desmaio Públiko, creio eu, o único que possui todas as edições! Dá até raiva!!!
Moduan Matus é referência na literatura e na cultura iguaçuana. Moduan é referência em minha vida e em muitas das coisas que faço. E para ele eu faço reverência!
Livros de Poemas:
1980 – “Poemas Concretos”, em parceria com Dejair Esteves.
1981 – “Pedacinhos de substâncias essenciais a vida", em parceria com Dejair Esteves
1982 – “Poesia Baixadense”
1983 – “Chama amar te amar” – Poesia mulher.
1992 – “Lirian Tabosa versus Moduan Matus.
1992 – “Poemas de final de milênio”
1994 – “Os fios estão em todas as partes”
1996 – “Vermelho: um século de poesia”,
2004 – “Acepões do amor”
2008 – “Aforismos afloram”
2008 – “Signos – Poemas instalações”
2011 – “Quintais Tropicais – Livro de Hai-kais” (pronto para lançar)
2011 – “A Pá Lavra – Poemas visuais” (pronto para lançar)
Livros de contos e/ou crônicas
2000 – “Um olhar pelas janelas da Baixada Fluminense”
2006 – “As margaridas estão cada vez mais raras”.
4 comentários:
Fidus, muito obrigado.
Fico lisonjeado de ter influenciado positivamente tua vida literária!
Moduan Matus
Acordada Estava a Esperar O povo Todo...A Letra E o Novo...
Viva Moduan
Viva Sil
Viva Ray
Viva a Poesia e TODOS os Poetas
Um Beijo Especial Para Marlos
Loas Para Liriam
Flores para Eud
Pinheiros Para Alcides Eloy
Beira Para Eira
sn
Bonito texto!
Gostaria de saber mais sobre o SPI.
Bjs
Olha aí, história incrível.
Mas, diria, "O destino uniu dois gênios da cultura Iguaçuana".
Cara, vejo hoje a cultura de Nova Iguaçu num jazigo sem identificação.(infelizmente)
Cade nossos poetas, nossas músicas, nossos projetos? Caco de Vidro e Desmaio Publiko deveriam ser projetos para as secretarias de educação e cultura da cidade.
Parabéns amigos pelo seu Blog, honra-me muito ser seu AMIGO.
Sinceros e Fraternos abraços.
Anderson Leite Lima (o forró)
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